O relacionamento entre os irmãos durante a pandemia

Abstract

Esta monografia teve como objetivo compreender como o relacionamento infantil entre irmãos pode ser impactado durante o isolamento/distanciamento imposto pela pandemia do Corona vírus. Este trabalho foi relevante, pois além de compreender os possíveis impactos na dinâmica familiar e nas relações e vínculos fraternos, possibilitou o entendimento dos desafios enfrentados pelos pais, bem como o conhecimento das estratégias utilizadas nesse período. Além disso, forneceu subsídios para o profissional psicólogo em diversos contextos. Foi realizada uma pesquisa qualitativa exploratória de estudo de caso, com cinco crianças e seu pai, mãe ou responsável. Para tanto, foram utilizados dois instrumentos para a coleta de dados: entrevista semiestruturada e a técnica projetiva de Desenho Estória com Tema (D-E/T). Resultados revelaram que, ao longo do período pandêmico, todas as famílias estudadas tiveram mudanças em suas rotinas diárias, ocasionando dificuldade de adaptação na nova dinâmica familiar, no convívio social, no convívio com a família extensa, na perda da rede de apoio, como as escolas, creches e o cuidado diário dos avós, nos hábitos de higiene pessoal e coletiva e na rotina de estudos. Com essas mudanças, as crianças enfrentaram ansiedade, o medo da contaminação, a falta de liberdade, afastamento dos amigos e dos familiares, principalmente dos avós, dificuldades de adaptação às aulas remotas, e o excesso de exposição às telas. Os pais também enfrentaram as dificuldades financeiras, desemprego e a preocupação a vida acadêmica atual e futura das crianças. Como estratégia de enfrentamento, algumas famílias utilizaram jogos, brincadeiras, culinária, divisão das tarefas domésticas e todas as famílias utilizaram os recursos eletrônicos, como os smartphones, tablets, notebook e tv. Foi possível concluir que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, as famílias estudadas aproveitaram tais adversidades e as transformaram, proporcionando uma maior união entre eles e uma boa conscientização da situação familiar e pandêmica, propiciando um ambiente seguro e minimamente adaptado. Em todas as famílias, o relacionamento entre os irmãos foi impactado positivamente, tornando-se mais íntimo e profundo, com poucos momentos de desavenças e diversos momentos de companheirismo e de cuidado mútuo. Esperamos que o conhecimento construído possa contribuir com o trabalho do psicólogo, no consultório público ou particular, na orientação de pais ou responsáveis; em escolas, para auxiliar na elaboração de um programa de orientação a pais, professores e coordenadores pedagógicos, para que as aulas presenciais possam retornar com parcimônia e segurança, e que os efeitos negativos da ausência prolongada das aulas possam ser minimizados e planos de apoio pedagógicos e psicológicos possam ser elaborados e aplicados ao longo da retomada.

Abstract: This monograph aimed to understand how the child relationship between siblings can be impacted during the isolation/distance imposed by the Corona virus pandemic. This work was relevant because, in addition to understanding the possible impacts on family dynamics and on fraternal relationships and bonds, it enabled an understanding of the challenges faced by parents, as well as knowledge of the strategies used during this period. In addition, it provided subsidies for the professional psychologist in different contexts. A qualitative exploratory case study research was carried out with five children and their father, mother or guardian. For that, two instruments were used for data collection: semi-structured interview and the projective technique of Story Design with Theme. Results revealed that, throughout the pandemic period, all families studied had changes in their daily routines, causing difficulty in adapting to the new family dynamics, in social life, in contact with the extended family, in the loss of the support network, such as schools, day care centers and the daily care of grandparents, in personal and collective hygiene habits and in the study routine. With these changes, the children faced anxiety, fear of contamination, lack of freedom, distancing from friends and family, especially grandparents, difficulties in adapting to remote classes, and excessive exposure to screens. Parents also faced financial difficulties, unemployment and concern about their children's current and future academic lives. As a coping strategy, some families used games, games, cooking, division of household tasks and all families used electronic resources, such as smartphones, tablets, notebooks and TV. It was possible to conclude that, despite all the difficulties faced, the studied families took advantage of such adversities and transformed them, providing a greater union between them and a good awareness of the family and pandemic situation, providing a safe and minimally adapted environment. In all families, the relationship between the siblings was positively impacted, becoming more intimate and deeper, with few moments of disagreement and several moments of companionship and mutual care. We hope that the knowledge built can contribute to the psychologist's work, in the public or private office, in guiding parents or guardians; in schools, to assist in the development of an orientation program for parents, teachers and pedagogical coordinators, so that in-person classes can return with parsimony and safety, and that the negative effects of prolonged absence from classes can be minimized and plans for pedagogical and psychological support can be developed and applied throughout the resumption.