Futebol, significações e identidade : as representações de Maradona no imaginário popular argentino

Abstract

Resumo:O esporte mais popular do mundo contemporâneo gestou-se na segunda metade do século XIX em solo inglês, no bojo de um processo de avanço do sistema capitalista marcado pela Segunda Revolução Industrial, que delinearia por sua vez as diretrizes políticas do expansionismo imperialista das potências ocidentais em torno do globo. Diante desse quadro, o futebol surge inicialmente como prática esportiva e de sociabilidade restrita necessária à formação do caráter das elites dominantes do Império britânico. Em outras palavras, o futebol moderno projeta-se como ferramenta de afirmação do Darwinismo Social. Contudo, alguns elementos inerentes a essa nova prática cultural irão conduzi-la a uma transposição de fronteiras não somente sociais, mas também geográficas. Na medida em que o fenômeno passa a ser apropriado por outras classes sociais e nações, constata-se a atribuição de uma variedade de novos significados conferidos ao ato de jogar e acompanhar futebol, preservando, contudo, algumas características elementares aparentemente universais, que foram historicamente observadas no envolvimento social que se gera a partir da adesão ao novo esporte. Dito isso, ao vê-lo cruzar o Oceano Atlântico como artigo de exportação inglês e tornar-se rapidamente a principal atividade esportiva em países como Brasil e Argentina - o segundo de onde provém o objeto de estudo deste trabalho -, considerou-se objetivo desta pesquisa explorar o processo contínuo de construção simbólica de identidades sociais e nacionais na Argentina a partir do engajamento das massas ao futebol, incorporado definitivamente ao país durante o século XX. Nesse sentido, na medida em que é possível conceber o futebol como metáfora da vida, buscou-se examiná-lo à luz da História social da cultura, com base numa abordagem que privilegiou articular elementos pertencentes à formação histórica e sociocultural da república argentina à estruturas e componentes inerentes ao próprio jogo - compreendido como uma dramatização da vida social -, tendo como foco a análise do conteúdo de afirmações identitárias baseadas no pertencimento, por vezes interseccional, à um tipo de nação, à classe e/ou ao bairro presente nas representações contemporâneas conferidas ao principal ídolo da história do futebol argentino: Diego Armando Maradona. Para tanto, foram feitas análises iconográficas de três monumentos artísticos dedicados à memória de Maradona, localizados nos bairros de La Boca, Barracas e La Paternal (Buenos Aires-ARG). Além disso, também foram feitas entrevistas em História oral acerca do tema com pessoas comuns dos bairros supracitados, bem como anotações feitas a partir das observações de campo realizadas nestes locais. Todas as fontes foram produzidas já no século XXI.

Abstract: El deporte más popular del mundo contemporáneo se generó en la segunda mitad del siglo XIX en suelo inglés, en el bojo de un proceso de avance del sistema capitalista marcado por la Segunda Revolución Industrial, que delinearía a la vez las directrices políticas del expansionismo imperialista de las potencias occidentales alrededor del globo. Delante de este cuadro, el fútbol surge inicialmente como práctica deportiva y de sociabilidad restricta necesaria a la formación del carácter de las elites dominantes del Imperio británico. En otras palabras, el fútbol moderno se proyecta como herramienta de afirmación del Darwinismo Social. Sin embargo, algunos elementos inherentes a esta nueva práctica cultural irán conducirla a una transposición de fronteras no solamente sociales, pero también geográficas. En la medida en que el fenómeno pasa a ser apropiado por otras clases sociales y naciones, se constata la atribución de una variedad de nuevos significados conferidos al acto de jugar y acompañar fútbol, preservando, sin embargo, algunas características elementales aparentemente universales, que fueron históricamente observadas en el involucramiento social que se genera a partir de la adhesión al nuevo deporte. Dicho eso, al verlo cruzar el Océano Atlántico como artículo de exportación inglés y tornarse rápidamente la principal actividad deportiva en países como Brasil y la Argentina - el segundo de donde proviene el objeto de estudio de este trabajo -, se consideró objetivo de esta búsqueda explotar el proceso continuo de construcción simbólica de identidades sociales y nacionales en la Argentina a partir del involucramiento de las masas al fútbol, incorporado definitivamente al país durante el siglo XX. En este sentido, en la medida en que es posible concebir el fútbol como metáfora de la vida, se buscó examinarlo a la luz de la Historia social de la cultura, en base en un abordaje que privilegió articular elementos pertenecientes a la formación histórica y sociocultural de la república argentina a las estructuras y componentes inherentes al propio juego - comprendido como una dramatización de la vida social -, teniendo como enfoque el análisis del contenido de afirmaciones identitarias basadas en la pertenencia, por veces interseccional, a un tipo de nación, a la clase y/o al barrio presente en las representaciones contemporáneas conferidas al principal ídolo de la historia del fútbol argentino: Diego Armando Maradona. Para tanto, se hicieron análisis iconográficos de tres monumentos artísticos dedicados a la memoria de Maradona, ubicados en los barrios de La Boca, Barracas y La Paternal (Buenos Aires-ARG). Además, se hicieron también entrevistas en Historia oral acerca del tema con la gente común de los barrios citados encima, bien como anotaciones hechas a partir de las observaciones de campo realizadas en estos locales. Todas las fuentes fueron producidas ya en el siglo XXI.