Representações sociais de profissionais da educação infantil sobre alimentação escolar

Abstract

Resumo: O número de enfermidades relacionadas aos maus hábitos alimentares é crescente e considera-se que a melhor estratégia para lidar com o problema seja a prevenção, a qual deve ter início na infância. A escola exerce um papel importante na formação de concepções, opiniões e atitudes sobre alimentação, e deste modo, se faz importante o estudo das representações sociais (RS) daqueles que atuam na escola (gestores, docentes e cozinheiras escolares). O objetivo desse estudo foi identificar as representações sociais de profissionais da educação infantil sobre a alimentação escolar da rede pública em um município do Vale do Paraíba do Sul - SP. Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva e de abordagem qualitativa. Foi aplicado questionário sociodemográfico e realizada entrevista semiestruturada. A análise de dados foi realizada por meio de análise conteúdo, com o auxílio do programa IRaMuTeQ e discutida à luz da TRS. Participaram do estudo 66 profissionais da educação infantil municipal, sendo 38% (25) docentes, 42% (28) cozinheiras e 20% (13) gestores. Os discursos foram categorizados em 5 eixos de análise: as diferenças percebidas pelo grupo entre merenda e alimentação escolar; os papeis dos profissionais na AE e a relação entre o que se come em casa e o que se come na escola. A principal RS identificada estava relacionada à diferença entre merenda e alimentação escolar. A merenda foi representada como a comida ruim, oferecida aos participantes no passado, quando eram estudantes. Em oposição, a AE foi representada como a comida servida atualmente, que tem qualidade e é acompanhada pelo nutricionista. Verificou-se que o caráter assistencialista da alimentação escolar ainda está presente nos discursos dos entrevistados. Identificou-se, ainda, que a atuação das cozinheiras está ligada ao aspecto afetivo da comida e às origens dessa profissão, de forma que essas profissionais cozinham para os alunos como cozinham para seus filhos. Os docentes e os gestores associaram seus papeis na AE apenas ao incentivo/orientação e fiscalização, respectivamente, o que não atende a ampla proposta do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Conclui-se que as mudanças positivas que ocorreram na proposta da AE desde que a merenda surgiu no Brasil estão presentes nas RS sobre o objeto de estudo e influenciam as práticas dos profissionais na escola e que é necessária maior compreensão sobre o PNAE no contexto das políticas publicas de educação para os profissionais que trabalham na educação infantil.

Abstract: The number of illnesses related to poor eating habits is increasing and it is considered that the best strategy to deal with the problem is prevention, which should begin in childhood. The school plays an important role in the formation of conceptions, opinions and attitudes about food, and in this way, it is important to study the social representations (RS) of those who work in school (managers, teachers and school cooks). The objective of this study was to identify the social representations of nursery school teachers about the school feeding of the public network in a municipality of Vale do Paraíba do Sul - SP. It is an exploratory, descriptive and qualitative approach. A sociodemographic questionnaire was applied and a semi-structured interview was conducted. The data analysis was performed through content analysis, with the aid of the IRaMuTeQ program and discussed in the light of the TRS. Sixty-six professionals (25) teachers, 42% (28) cooks and 20% (13) managers participated in the study. The discourses were categorized into 5 axes of analysis: the differences perceived by the group between lunch and school feeding; the roles of professionals in EC and the relationship between what is eaten at home and what is eaten at school. The main SR identified was related to the difference between school meals and meals. The lunch was represented as the bad food, offered to the participants in the past, when they were students. In opposition, the AE was represented as the food served today, which has quality and is accompanied by the nutritionist. It was verified that the assistencialist character of the school feeding is still present in the speeches of the interviewees. It was also identified that the work of the cooks is linked to the affective aspect of food and to the origins of this profession, so that these professionals cook for students as they cook for their children. Teachers and managers associated their roles in the EA only to the incentive / guidance and supervision, respectively, which does not meet the broad proposal of the National School Feeding Program (PNAE). It is concluded that the positive changes that occurred in the proposal of the AE since the food emerged in Brazil are present in the RS on the object of study and influence the practices of the professionals in the school and that a greater understanding on the PNAE in the context of the policies is necessary education for professionals working in early childhood education.