A eficácia da modulação da microbiota intestinal no tratamento da desnutrição infantil

Abstract

Resumo: Introdução: A desnutrição infantil continua sendo um importante agravo na saúde pública mundial. Sua ocorrência está associada às alterações na composição e funcionalidade da microbiota intestinal. A modulação da microbiota intestinal pode ser compreendida como todos os fatores que a configuram. A disbiose intestinal está associada a diversas doenças que levam à desnutrição. De forma terapêutica, agir modulando a microbiota pode ser uma estratégia potencial para o tratamento da desnutrição infantil. Objetivo: Revisar a eficácia do uso de moduladores da microbiota intestinal como opção terapêutica para o tratamento da desnutrição infantil. Método: Revisão da literatura disponível sobre o tema em bases de dados indexadas. Resultados: Através dos estudos avaliados, é possível afirmar que agir modulando a microbiota intestinal de crianças desnutridas por meio de estratégias terapêuticas, como suplementos alimentares (MDCF-2), probióticos (Bifidobacterium animalis subsp. lactis BB-12, Lactobacillus rhamnosus GG, Lactobacillus plantarum Dad-13 e Bifidobacterium infantis) ou alimentos funcionais (farelo de arroz e amaranto estourado), assim como com suplementação prolongada com ovos e a administração de bebida láctea fortificada com nutrientes, conferem importantes benefícios à saúde. Entre eles, estão o aumento da diversidade da microbiota intestinal associada à diminuição de bactérias patogênicas, a redução de marcadores inflamatórios entéricos, a promoção de ganho de peso e a prevenção da progressão para quadros de desnutrição grave. A suplementação com preparação em pó de micronutrientes possui efeitos potencialmente perturbadores na microbiota infantil que precisam ser melhor investigados. Conclusão: O uso de moduladores da microbiota intestinal possui eficácia como uma opção terapêutica nutricional adicional ao tratamento da desnutrição infantil. As intervenções nutricionais devem ser individualizadas, levando em consideração aspectos biopsicossociais do paciente, objetivando atingir o melhor resultado terapêutico. Contudo, são poucos os estudos com amostras populacionais significativas e em diferentes contextos que possam ser traduzidos para a prática clínica. Dessa forma, mais estudos sobre a eficácia da modulação da microbiota intestinal e sua influência nos resultados nutricionais em crianças que sofrem de desnutrição são necessários.

Abstract: Introduction: Childhood malnutrition remains a significant concern in global public health. Its occurrence is associated with changes in the composition and functionality of the intestinal microbiota. Modulation of the intestinal microbiota can be understood as all the factors that shape it. Intestinal dysbiosis is linked to various diseases that lead to malnutrition. Therapeutically, modulating the microbiota can be a potential strategy for the treatment of childhood malnutrition. Objective: To review the effectiveness of using modulators of the intestinal microbiota as a therapeutic option for the treatment of childhood malnutrition. Method: Integrative review of the available literature on the topic in indexed databases. Results: Based on the evaluated studies, it can be stated that acting to modulate the intestinal microbiota of malnourished children through therapeutic strategies, such as dietary supplements (MDCF-2), probiotics (Bifidobacterium animalis subsp. lactis BB-12, Lactobacillus rhamnosus GG, Lactobacillus plantarum Dad-13, and Bifidobacterium infantis) or functional foods (rice bran and popped amaranth), as well as prolonged supplementation with eggs and the administration of nutrient-fortified dairy drinks, confer significant health benefits. These include increased diversity of the intestinal microbiota associated with a decrease in pathogenic bacteria, reduction of enteric inflammatory markers, promotion of weight gain, and prevention of progression to severe malnutrition. Supplementation with powdered micronutrient preparations has potentially disruptive effects on the infant microbiota that need to be further investigated. Conclusion: The use of modulators of the gut microbiota is effective as an additional nutritional therapeutic option in the treatment of childhood malnutrition. Nutritional interventions should be individualized, considering the biopsychosocial aspects of the patient, aiming to achieve the best therapeutic outcome. However, there are few studies with significant population samples and in different contexts that can be translated into clinical practice. Therefore, more studies on the effectiveness of modulating the intestinal microbiota and its influence on nutritional outcomes in children suffering from malnutrition are necessary.