Escola e estigmas sociais : um olhar de adolescentes em medidas socioeducativas

Abstract

Resumo: Os adolescentes que cometem um ato infracional são conduzidos pela justiça a cumprirem medidas socioeducativas que podem favorecer o acesso a seus direitos e a mudança de vida. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera adolescentes aqueles que possuem idade de 12 a 18 anos. Esses adolescentes vivenciam preconceitos em decorrência dos estigmas enraizados na sociedade que desencadeiam a exclusão, inclusive na educação. O objetivo do presente estudo é investigar a perspectiva desses jovens sobre a escola e a contribuição das medidas socioeducativas vivenciadas em uma Organização da Sociedade Civil (OSC). A pesquisa de cunho qualitativo e de natureza exploratória, foi realizada com dezesseis adolescentes, com idade entre catorze a dezoito anos, que cumprem medidas socioeducativas de Liberdade Assistida em uma OSC, sem fins lucrativos, localizada no Vale do Paraíba. Primeiramente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e, posteriormente, pesquisa de campo, devidamente aprovada pelo Comitê de ética, a partir de um questionário com questões abertas e de múltipla escolha, com uma questão contendo palavras significativas em relação a escola. As questões estavam voltadas ao perfil do entrevistado, a trajetória escolar e a relação entre a OSC e o adolescente que cumpre medidas socioeducativa. Ao final do questionário propôs-se produção de desenho sobre a escola. Os dados foram tratados conforme a análise de conteúdo proposta por Bardin (2011) com o apoio do suporte teórico levantado na pesquisa bibliográfica. Entre os resultados, observou-se que há sete adolescentes que não estão frequentando a escola e nove que estão frequentando. Em relação ao incentivo para estudar, prevaleceu o apoio familiar da mãe e as motivações recebidas no trabalho desenvolvido pela OSC. Sobre a experiência escolar, afirmam que a escola é boa, entretanto acreditam que a escola poderia ser diferente; quanto ao que foi ruim na escola, alguns apontaram os professores e quanto ao que foi bom, a maioria ressaltaram a amizade. Observa-se uma ambiguidade em relação à instituição escolar num cuidado de valorizar este espaço ao mesmo tempo que aponta seus aspectos negativos e possibilidades de ser diferente. Desse modo, prevalece no conjunto dos dados que os adolescentes valorizam a escola e que almejam mais momentos de lazer para obterem mais interesse nesse espaço. Por fim, espera-se a transformação do espaço escolar, a fim de proporcionar um ambiente acolhedor, equitativo e com uma educação de qualidade, para assim todos os alunos obterem uma aprendizagem integral e uma formação continuada.

Abstract: Não possui.